terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Era Mesozóico
Periodo Jurássico
                O Jurássico é um periodo da era do Mesozóico (Eon Fanerozóico), compriendido entre 199 e 155 milhôes de anos atrás. Este periodo esta ainda dividido em três epocas Júrassico Inferior (Liásico), Júrassico médio (Dogger) e Júrassico superior (Malm), sendo que a época Júrassico inferior é a mais antiga e a época Júrassico superior a mais recente. Neste periodo foram definidos os andares Hetangiano, Sinemuriano, Pliensbaquiano e Toarciano pertencentes ao Jurássico Inferior, os andares Aaleniano, Bajociano, Batoniano e Caloviano pertencentes ao Jurássico Médio e, finalmente, os andares Oxfordiano, Kimeridgiano e Titoniano pertencentes ao Jurássico Superior. Este periodo começa com a orogenia Paleociméria e termina com a orogenia Neociméria. A designação de Júrassico deve a umas montanhas de nome Jura, nos alpes franceses, que apresentam uma grande quantidade de rochas deste periodo.
Fig.1-Ilustração do periodo Jurássico
Paleogeográfia
            A deriva continental presente no final da era Paleozóico, que possibilitou a união dos continentes, formando a pangea (super continente), neste período trata de rompê-lo e separa-lo em blocos, Laurásia (América do Norte, Europa e Ásia), a norte, e Gondwana (América do Sul, África, Antárctica, Austrália e Índia), a sul. Este mecanismo deveu-se ao aumento do nível dos oceanos que encobriu, com mar, terras baixas, ou seja, permitiu que o mar atingisse regiões que antes não atingia (por estarem no interior da Pangea), o que tornou o clima mais húmido. A quebra e separação dos dois blocos continentais duraram, aproximadamente, 100 milhões de anos, estendendo-se por todo Jurássico. Estes dois grandes continentes foram se subdividindo em blocos menores, e no final do Jurássico (Jurássico superior) existiam quatro áreas continentais distintas denominadas por Laurásia, Índia, América do sul + África e Austrália + Antárctica. O processo de separação total entre a África e a América do sul, que começou neste período, gerou uma grande depressão (Rift) ao longo do que hoje é a margem continental do Brasil. Este vale de Rift foi amontoado por sedimentos, gerando seis bacias marginais designadas por Pelotas, Santos, Campos, Espírito Santo, Bahia sul e Sergipe-Alagoas. É nestas bacias que se encontram os maiores depósitos de petróleo e gás do Brasil.
Fig.2-Reconstrução da terra no período da Jurássico
Clima
                Durante este período, o clima era quente e húmido (clima tropical), este facto levou ao crescimento de muitas plantas e de densas florestas. O mundo nestas condições levou ao aparecimento de oxigénio na atmosfera, consumindo o CO2 existente no período anterior, e levando a repovoamento da terra.
Fauna
Neste período a fauna era muito diversificada, podemos destacar as amonites, crustáceos, praticamente todos os grupos de peixes modernos, anfíbios, primeiras aves (Archaeopteryx) e pequenos mamíferos marsupiais. A fauna do Jurássico é marcada pela dominância dos répteis em todos os vários ambientes, tais como, os dinossauros na terra, pterossauros no ar e plesiossauros no mar. Os dinossauros passaram por transformações, desde o período Triássico, que os tornaram mais inteligentes, evoluídos e maiores. Também se verifica a presença de insectos, tais como, moscas, borboletas e libélulas. Em termos de plantas, tínhamos Ginkos, pinheiros e outras coníferas eram abundantes. Aparecimento de plantas com flor. No mar, apareceram algas calcárias que construíram grandes recifes em várias partes da terra.
Fig.3-amonite (Asteroceras)
Fig.4-Reconstituição do Pterossauro
Fig.5-Reconstituição do Plesiossauros

Referências Bibliográficas:
·    Infoescola, Navegando e aprendendo, Jurássico, Data de publicação em 24 de Setembro de 2010 (consult. 2011-12-22),                                                        Hiperligação: http://www.infoescola.com/geologia/jurassico/
·     Jurássico (consult. 2011-12-22),                                                                             Hiperligação: http://www.avph.com.br/jurassico.htm
·     Jurássico (consult. 2011-12-22),                                                                             Hiperligação: http://www.fgel.uerj.br/Dgrg/webdgrg/Timescale/Jurassico.htm
·     Wikipédia, A enciclopédia livre, Jurássico, actualizado pela ultima vez em 7 de Outubro de 2011 (consult. 2011-12-22), Hiperligação: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jur%C3%A1ssico
Métodos estratigráficos físicos
Dendrocronologia
            A Dendrocronologia é uma técnica de datação, inventada e desanvolvida por A.E.Douglass (fundador do laboratório Tree-Ring Research na Universidade do Arizona), onde se estabelece a idade de uma árvore utilizando os seus anéis de crescimento presentes no tronco. Este método científico apoia-se no facto de que as árvores dum determinado local apresentam um padrão uniforme nos seus anéis de crecimento,  devido às condições climáticas nessa região. A datação deste método é estabelecida de acordo com o clima das épocas, tornando-se assim um grande método de datação absoluto dos climas passados. As árvores observadas crescem em espessura de forma descontínua, quando estamos perante um clima temperado. A produção de tecidos duma árvore, só acontece durante uma parte do ano, nomeadamente na primavera e no verão, o que leva á formação de aneis com o ritmo de um anel por ano. Observa-se, por outro lado, que a largura destes anéis não é constante, variando de ano para ano em cada localcom a variação das condições do clima. Quanto melhores essas condições forem mais largos vão ser os aneis anuais e quanto mais desfavoráveis essas condições forem mais estreitos os anéis vão ser. Através da análise de alguns minerais marcadores, nos diferentes anéis podemos ter uma boa informação sobre a contaminação atmosférica no passado.
                          Fig.1-História da árvore através da observação dos seus aneis
         Pegando agora no trabalho, “Periodicidade do crescimento e formação da madeira de algumas espécies arbóreas de florestas estacionais  semidecíduas da região sudeste do estado de São Paulo” elaborado por Ligia Ferreira (Bióloga) orientada por Prof. Dr. Mario Tomazello Filho.
Principais objectivos do trabalho:
  • Estudar a periodicidade da actividade cambial e da formação dos aneis de crescimento utilizando o método de faixas dendrométricas em três locais da região do Estado de São Paulo;
  • Determinar a idade de algumas árvores das espécies selecionadas (dendrocronologia);
  • Correlacionar o crescimento em circunferência das àrvores com as variações climáticas, fenológicas e condições de crescimento (dendroclimotologia e dendroecologia);
  • Fazer uma identificação macroscópica das madeiras das espécies estudadas.
No presente trabalho em estudo, foram utilizadas faixas dendrométricas (em associação com as marcações anuais do câmbio das árvores). A utilização deste método permitiu uma avaliação continua dos incrementos em circunferência dos troncos das espécies em estudo que, por sua vez, possibilita a determinação do ritmo e a taxa de crescimento, de periodicidade da actividade cambial e da influência dos tactores climáticos. Estas faixas dendrométricas foram aplicadas pelo “Centre Technique Forestier Tropical” (na França) desde 1965. Este método tem como vantagens, a fácil montagem, a fácil instalação, custo baixo e leituras precisas (Botosso & Tomazello Filho, 2001).
Fig.2-Aplicação de faixas dendrométricas

Algumas desvantagens deste trabalho foram:
·         As condições climáticas do local interferem com o trabalho realizado e com o ritmo de crescimento am diâmetro das árvores em estudo;
·         A presença de lianas interfere no ritmo do crescimento em diâmetro das árvores em estudo;
·         A dinâmica do crescimento do tronco das árvores das espécies nas populações folrestais pode ser melhor explicada pela análse da fenologia e das variações climáticas;
·         Este método não é eficiente em árvores recentes;
·         A escolha do local de trabalho tem que ser feita de forma selectiva.
Conclusões obtidas neste trabalho:
·         As condições do local e a presença de lianas são factores que devem ser analisados em conjunto;
·         As fenofases (queda e brotamento de folhas) estão relacionadas com o período de diminuição e rativação da actividade cambial das espécies florestais;
·         As taxas de crescimento em diâmetro do tronco foram mais elevadas nas árvores das espécies pioneiras em relação as secundárias iniciais e tardias;
·         As variáveis climáticas (precipitação e temperatura) foram correlacionadas com o crescimento circunferêncial do tronco das árvores na maioria das espécies florestais;
·         A estrutura anatômica da madeira e as características dos anéis de crescimento das árvores das espécies florestais foram semelhantes em relação aos locais e a descrição caracterizada na literatura especializada;
·         Os métodos de dendrocronologia aplicados para as árvores das diferentes espécies podem contribuir para a determinação da sua idade e taxa de crescimento em circunferência;
·         A faixa dendromética de aço representou um instrumento presiso e eficiente na avaliação da taxa de crescimento do tronco das árvores das espécies florestais analisadas.

Referências Bibliográficas:

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Estratótipo do Cabo Mondego
     fig1-Cabo Mondego


            No Cabo Mondego ( Figueira da Foz) situado a cerca de 200 km a norte de lisboa, no bordo continental da Serra da Boa Viagem, esta estabelecido o estratótipo ( GSSP-Global Boundary Stratotype Section and Point) do limite Aaleniano-Bajociano pela IUGS (Internacional Union of Geological Sciences). Este estratótipo representa sem dúvida um irrepetível  e insubstituível exemplar para a compreenção da história geológica de Portugal. Em particular, divulga alguns dos mais importantes episódios da história da Terra ocorridos durante o Jurássico, num intervalo que se situa, aproximadamente, entre os 185 e os 120 milhões de anos.  

Ao longo das falésias das praias do Cabo Mondego podemos ver o maior afloramento do período Jurássico presente na Europa. Os sedimentos de margas, calcários e arenitos encontram-se ao longo da costa desde da praia da Murtinheira (Jurássico Inferior e médio), até à baía de Buarcos (Jurássico superior). O afloramento abrange uma serie de sedimentos marinhos e fluvio-lacustres (não excedendo os 400m) que se estendem desde o andar Toarciano superior até ao andar Titoniano. Este registo, nalguns níveis, é particularmente contínuo e rico em informações paleontológicas, sedimentológicas e paleomagnéticas, que se relacionam a excepcionais condições de observação. O registo fóssil nesta zona inclui macrofósseis (lamilibrânquios, gastrópodes, bivalves, braquiópedes, plantas, peixes, crinóides, corais, ostreídeos, belemnóides e amonides), microfósseis (foraminíferos e nanoplâncton calcário) , icnofósseis e pegadas de dinossauro. No Cabo Mondego é possível a visualização de uma regressão marinha devido à erosão, que deixa a descoberto estratos que apresentam ainda uma estratificação entrecruzada. Os estratos mais antigos apresentam sedimentos de menor granulometria que os estratos mais recentes. O que pemite concluir que onde ocorreu a deposição de sedimentos pequenos (alto mar) foi mais tarde região costeira, sucedendo-se a deposição de sedimentos maiores, e sendo visível então uma regressão marinha. O Cabo Mondego tem sido obra de estudo de vários autores, um deles foi Gomes em 1884 que nos relata a existência de uma laje, com cerca de 15 pegadas tridáctilas, cuja localização (área vulnerável às marés), conduziu à sua remoção e artigo no Museu Nacional de História Natural de Lisboa.
                                     Fig3-Trilhos de pegadas do Cabo Mondego


Outras descobertas:
      • Em 1950, foram encontradas 50 novas pegadas, destribuídas em três níveis nos sedimentos do “andar” Lusitaniano na Pedra da Nau.
      • Foram ainda encontrados no mesmo “andar” peixes fósseis (Propterus microstomus) e fragmentos de peixes fossilizados próprios do género Lepidulus.
      • São encontrados no Cabo Mondego fósseis de plantas, em materiais provenientes da mina de carvão.
      • Evidenciam-se ainda muitos trabalhos sobre as associações de amonóides e o seu valor estratigráfico, assim como os nanofósseis calcários, branquiópedes e foraminíferos bentónicos.
      • Em 1972, descrevem-se detalhadamente as associações registadas de amonóides do Cabo Mondego.
      • O estudo de monofósseis calcários permitiu identificar um cojunto de 28 espécies, bem como a sua distribuição e riqueza ao longo da passagem Aaleniano-Bajociano.
      • No que diz respeito à presença de foraminíferos bentónicos, estudou-se detalhadamente o seu registo desde o Terarciano Superior até Bajociano Inferior, o que permitiu determinar a sua distribuição, bem como alguns factores condicionantes do desenvolvimento das comunidades.
      • Dados magnetostratigráficos obtidos no Cabo Mondego, revelam uma inversão de polaridade normal para inversa, no limite inferior do estratótipo do limite Aaleniano-Bajociano.
      Mais recentemente o objecto de estudo tem sido o petróleo, no âmbito da área da geologia, explorando os potências reservatórios de hidrocerbonetos na  Bacia Lusitânia.
Qualquer descoberta ou metodologia de investigação só será validada após comparação com o Cabo Mondego.
                                            

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

James Hutton
                James Hutton foi químico, naturalista e geólogo britânico, por desempenhar um trabalho pioneiro na interpretação dos processos geológicos, Hutton foi considerado um dos fundadores da geologia moderna, uniformismo e plutunismo. Nasceu a 3 de Junho de 1726, em Edimburgo, e faleceu a 26 de Março 1797, no mesmo local. Este geólogo concluiu os estudos secundários, em Edimburgo (cidade escocesa), tendo, posteriormente, ingressado na Universidade de Edimburgo para estudar Direito, apesar de ter um especial interesse por Química. Hutton desistiu da carreira jurídica e acabou por licenciar-se em Medicina, em 1749, na Universidade de Paris. Criador e defensor da Escola Plutunista, apresentou, em 1785, uma obra de dois volumes intitulada Teoria da Terra, onde admitia que o magma era o formador das rochas. Nesta teoria, Hutton assenta sobre duas ideias base. Numa das suas ideias este autor considera que os acontecimentos geológicos do passado são o resultado das forças da natureza idênticas às que se observam hoje em dia, e na outra ideia considera que os acontecimentos geológicos são o resultado de lentos e graduais os processos da natureza. Com isto Hutton pode concluir que a terra deveria ser bem mais antiga do que se pensava anteriormente, para que houvesse tempo para os processos da natureza actuarem. Em 1788, Hutton estudou um afloramento rochoso, na Escócia, chamado Siccar Point.

Este afloramento tem sedimentos mais antigos (Paleozóico-silúrico) que se depositaram num fundo submarino com estratificação subhorizontais, ou seja, isto sucedeu devido á actuação da acção de gravidade no momento de deposição, como podemos ver actualmente. Em seguida, as forças de origem interna comprimiram a estratificação horizontal, sendo esta dobrada e levantada, acima do nível do mar. Deu-se, seguidamente, a erosão dos sedimentos, com formação duma superfície aplanada, sobre a qual se foi depositar arenitos vermelhos continentais (Paleozóico-Devónico), em estratos subhorizontais. Como a erosão e a sedimentação são lentas e graduais, o tempo necessário à geração duma discordância é bastante longo. Actualmente sabemos que na ordem dos 20 milhões de anos. Como já foi referido o termo discordância serve para designar superfícies que separam duas sequências de rochas com idades distintas, tendo havido uma interrupção (hiato) entre a formação de ambas. Segundo Hutton podemos definir 4 tipos de discordâncias: a angular, erosiva, paralela ou paradiscordância e litológica. A discordância angular é uma espécie de plano que separa duas sequencias em que a inferior esta inclinada ou dobrada, de forma que a sequencia superior corta as camadas da sequencia inferior. Há uma clara diferença de direcção e ângulos de mergulhos entre as duas camadas. A discordância erosiva separa duas sequências sedimentares com camadas paralelas entre si, havendo entre elas uma superfície de erosão. A discordância paralela ou paradiscordância separa duas sequências sedimentares com camadas paralelas entre si e com idades diferentes, existe entre elas uma superfície plana que representa o hiato ocorrido no processo de deposição. Este tipo de discordância é reconhecido pelos diferentes conteúdos fossilíferos entre as duas sequências. A discordância litológica define uma sequência de rochas sedimentares ou vulcano-sedimentares que descansa sobre rochas antigas (ígneas e/ou metamórficas), estas tem uma grande diferença de composição. A superfície desta discordância é uma superfície de erosão. Baseada nesta informação nasceu a teoria do uniformismo e o método actualista.

Referências bibliográficas:
·         Biologia e geologia, Terra- Um planeta em mudança, Uniformitarismo (consult. 2011-12-21) Hiperligação:http://sites.google.com/site/geologiaebiologia/biologia-e-geologia-10%C2%BA/terra---um-planeta-em-mudanca#TOC-James-Hutton-1726---1797-
·         Contacto geológico, Discordâncias, alterada pela última vez em 10 de Fevereiro de 2010 (consult.2011-12-21), Hiperligação:http://www.dicionario.pro.br/dicionario/index.php/Contato_geol%C3%B3gico
·         James Hutton. In infopédia (em linha). Porto: porto editora, 2003-2011 (consult. 2011-12-21) Disponível na www:<URL: http://www.infopedia.pt/$james-hutton
·         The University of Edinburgh, James Hutton, alterada pela última vez em 14 de Julho de 2008 (consult.2011-12-21), Hiperligação:http://www.ed.ac.uk/about/people/millennial/hutton
·         Wikipedia, The Free Encyclopedia, alterada pela última vez em 19 de Dezembro de 2011 (consult. 2011-12-21), Hiperligação: http://en.wikipedia.org/wiki/James_Hutton

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

História da estratigrafia

A estratigrafia é uma ciência relativamente jovem, tendo sido publicado o primeiro livro monográfico da estratigrafia em 1913 por Amadeus  William  Grabau (1870-1946).  Este homem foi considerado o pai da geologia chinesa, desenvolvendo um trabalho designado por "Mollusca Cretácicos do norte da China", em 1923.  Grabau foi também o primeiro a utilizar o nome «fauna de Jehol», quando estudava a estratigrafia Mesozóica da China, em 1928.
        
Vamos então falar de algumas pessoas importantes para o desenvolvimento da doutrina e conhecimento da estratigrafia, sendo também, consequentemente, considerados fundadores da geologia:

·         Nicolaus Steno (1638-1686), foi o primeiro a definir um estrato como unidade de tempo, sendo este limitado por superfícies horizontais com continuidade lateral. Aparecendo assim o Principio da Sobreposição, este princípio diz que as rochas sedimentares são depositadas de forma horizontal, ficando por cima as unidades de rochas mais jovens e por baixo as unidades de rochas mais antigas, o que permite ordenar cronologicamente as diferentes unidades. Steno desenvolveu ainda outras ideias, tais como, os estratos que se depositam originalmente de forma horizontal e as outras superfícies de estratificação são lateralmente contínuas, o que constituí a base do Principio da Horizontalidade Original e Continuidade Lateral dos Estratos.
                                               

·         António Lazzaro Moro (1687-1764), estabeleceu uma subdivisão estratigráfica dos materiais da superfície terrestre, que poderia ser considerada a primeira existente. Este autor diferenciou as montanhas de rochas massivas não estratificadas, das montanhas mais recentes que as anteriores mas formadas por rochas estratificadas (podem conter fosseis contemporâneos do deposito).

  • Giovanni Arduino (1687-1764), foi o fundador da estratigrafia e considerado como o “pai da geologia em Itália”, professor de química, mineralogia e metalurgia em Veneza. Foi Arduino, possivelmente, que desenvolveu a primeira classificação de tempo geológico, tendo em conta o seu estudo da geologia do norte de Itália, em particular do penhasco de Recoaro Terme. Em 1735, dividiu a história da terra em quatro períodos: Primitivo ou primário (rochas não estratificadas e sem fosseis), secundário (rochas estratificadas, com fosseis), terciário (formados por restos das anteriores e perto das mesmas) e vulcânico ou quaternário.

·         Johann Gottlob Lehmann (1719-1767), mineralogista e geólogo alemão que se destacou pelo seu trabalho e investigações sobre o registo geológico, trabalho este que conduziu ao desenvolvimento da estratigrafia. Lehmann, juntamente com Georg Christian Füchsel e Giovanni Arduino, foi o fundador da estratigrafia, tendo como mérito a sua descrição precisa das rochas estratificadas. Este autor distinguiu trinta faixas de rocha sucessivas no sistema estratificado de Ilfeld e Mansfeld, e propôs a estrutura geológica daquele distrito acompanhada de uma série de diagramas e secções.

·         Georges-Louis Leclerc, Conde de Buffon (1707-1788), naturlista, matemático e escritor francês. Considerado um dos cientistas mais influentes do século XVIII, rompeu com a tradição, onde se pensava que a terra teria poucos milhões de anos e sugeriu que no mínimo teria 75000 anos. Foi o primeiro cientista a admitir que a terra teria sofrido, num largo espaço de tempo, variações na distribuição de continentes e mares.

·         Abraham Gottlob Werner (1749-1817), geólogo e mineralogista, fundador da moderna mineralogia e da geognosia. Os seus trabalhos contribuíram para a separação da geologia e mineralogia em ciências distintas. Werner foi também o responsável de uma controversa teoria neptunista sobre estratigrafia, defendendo e divulgando uma teoria explicativa da origem das rochas por precipitação química dos mares primitivos. Um ponto de vista mais fechado da estratigrafia porpocionou a Werner privilégios na aplicação duma divisão de materiais, baseada na de Lehmann e na utilização, pela primeira vez, do termo “formação” para apelidar conjuntos de rochas estratificadas (caracterizadas pela sua litologia e que correspondem a uma mesma idade). Sobrevalorizou a utilidade da correlação litostatigráfica, a partir da ideia errada de considerar as formações numa extensão mundial.  

·         James Hutton (1726-1797), geólogo, químico e naturalista escocês. Ao desempenhar o seu trabalho pioneiro na interpretação dos processos geológicos, Hutton foi considerado como o pai da geologia moderna. Este autor foi vitima de duras criticas, por parte de Werner e seus discípulos, por ter ideias contraditórias as ideias dominantes na época e serem ideias duma pessoa que não pertencia a nenhuma universidade de prestigio ou organismo oficial. Hutton pensava na terra como um corpo mudável onde as rochas estavam em constante erosão e que os produtos deste processo eram transportados pelas águas através dos oceanos, onde se depositavam posteriormente, e, por fim, formam novos sedimentos estratificados. Estes sedimentos estratificados quando consolidam dão lugar a rochas, as quais podiam elevar-se e iniciar um novo ciclo (processo de erosão). A maior contribuição de Hutton consistiu na sua teoria do “uniformitarismo” (também podendo ser chamado de “uniformitarianismo”, esta teoria refere que os processos que ocorreram na historia da terra foram uniformes e semelhantes aos actuais. Através da aplicação do método “actualista”, realizou as primeiras estimações de processos de velocidade, que levaram a admitir que a idade da terra era infinitamente maior que o anteriormente suposto. O autor referiu textualmente por escrito, em 1788, a possível idade da terra: “ o resultado, por tanto, da nossa investigação actual é que nos encontramos a passos dum principio, nas perspectivas dum final”. A teoria do uniformitarismo e o método actualista, que actualmente constituem um dos princípios fundamentais da estratigrafia, foram aceites pela comunidade cientifica quarenta anos depois da sua morte. Hallam (1985) descreve de maneira impecável as ideias revolucionarias de hutton, que se separavam tão radicalmente de tudo o que havia antes provocado criticas dos representantes da “geologia oficial”, declarando se a doutrina do “catastrofismo (com maior aceitação). Após 10 anos de polémica (1830-1840), abdicou se, de maneira generalizada, a teoria do “catastrofismo” e aceitou se a do “uniformitarismo-actualismo”. Hutton foi o primeiro autor que interpretou correctamente uma discordância angular.    

·         John Playfair (1748-1819), matemático e geólogo escocês. Este autor escreveu uma obra, intitulada de “Illustrations of the Huttonian Theory” editada em Edimburgo em 1820. Esta obra foi baseada nas ideias de Hutton (fazendo com que as suas ideias fossem entendidas e aceites); Playfar reuniu as observações e conclusões do mestre nesta obra bem organizada. Playfair descreveu a famosa discordância angular de Siccar Point nas encostas escocesas, na qual os sedimentos mais antigos (silúricos) depositaram-se num fundo submarino com estratificação subhorizontal. Dando-se depois a erosão dos sedimentos, com formação de uma superfície de nivelamento, sobre a qual se vem depositar os grés continental do devónico em estratos subhorizontais (como a erosão e a sedimentação são lentas levam a querer que foi necessário muito tempo).

·         William Smith (1769-1839), geólogo britânico, considerado o “pai da geologia inglesa”. Este autor foi o primeiro a desenvolver um mapa geológico detalhado de Inglaterra (Do Pais de Gales e de uma parte da Escócia), designado por “The Map That Changed The Word”. Smith teve uma notável contribuição ao demonstrar uma constante sequência em formações geológicas com áreas relativamente grandes. Para cada formação (estrato ou grupo de estratos) havia uma continuidade lateral que permite diferencia-la no mapa. Outra importante contribuição foi demonstrar que cada grupo de estratos caracterizados pelas mesmas associações de fósseis é da mesma idade relativa, caracterizando se assim o principio da correlação estratigráfica ou identidade paleontológica.

·         Georges Cuvier (1769-1832) e Alexandre Brongniart (1770-1847), paleontólogos franceses, estudaram os materiais terciários da bacia de Paris aplicando a metodologia de Smith e reconhecendo as diferentes associações de fósseis, em ambientes marinhos e lacustres. Ambos estabeleceram as bases do que actualmente conhecemos como Bioestratigrafía.



·         Charles Lyell (1797-1875), advogado de formação, ensinou geologia no Kings College em Londres (1831-1833). Lyell a sua vida á geologia subsistindo com os seus próprios meios, escreveu o livro Principles of Geology (curiosamente lançado no ano da morte de Hutton), publicado em três volumes entre 1830 e 1833, que alcançou 11 edições. Foi Lyell quem mais amplamente espalhou e defendeu as teorias huttonianas, em parte já explicadas por playfair. Partindo da ideia cíclica de erosão-deposição, Lyell necessitava que a erosão se equilibra-se com a sedimentação e a subsidência, num sistema uniforme de flutuações acarretadoras dum termo médio. Desenvolveu amplamente a teoria huttoniana do “uniformitarismo” como sistema e o “actualismo” como método, baseando-se nas suas múltiplas observações em regiões diversas (Inglaterra, Escócia, França e Itália). Nestas regiões este autor percebeu que o estrato recente podia ser categorizado de acordo com o número e proporção de conchas marinhas contidas nas rochas. Baseado nisto, propôs a divisão do período Terciário em três partes, que denominou de Plioceno, Mioceno e Eoceno. Com frequência simplificou-se a contribuição de Lyell com a frase “o presente é a chave do passado”, mas na realidade trata-se duma doutrina e dum método de trabalho, que revolucionou completamente as ideias no campo da Geologia. Lyell insistiu na ideia de que a amplitude do tempo geológico foi extraordinariamente superior a todas as estimações prévias. A publicação do famoso livro de Lyell trouxe consigo a grande controvérsia catastrofista-uniformista que acabou por volta de 1840, com a aceitação geral desta nova filisofia, proporcionando o desenrolar da Geologia.

Referência Bibliografica: